Beijar na boca de bebês, pode?


É comum ver pais, mães, tios e avós que beijam as crianças na boca, com o chamado “estalinho”. Por mais que seja uma demonstração de afeto inocente, essa prática não é recomendada por médicos e especialistas.

Não é indicado beijar as crianças na boca, devemos optar por outras formas de demonstração de amor e carinho para com nossas crianças, pois o beijo transmite muitas doenças e pode interferir no aspecto comportamental da criança.

Entre as doenças mais comuns transmitido pelo beijo são:

  • Cárie dentária: A cárie além de ser adquirida pela má higienização da boca, também pode ser transmitida pelo contato salivar. Beijar, compartilhar talheres, escovas de dente e até mesmo a prática de provar a comida do bebê antes dele comer são atitudes que podem influenciar na transmissão da cárie.


  • Doença do beijo: Trata-se um uma infecção causada pelo vírus Epstein-Barr, chamada mononucleose e também conhecida por doença do beijo, pois, é transmitida pelo beijo (devido à grande quantidade de vírus na saliva), por compartilhamento de objetos, ou ainda em frutas e legumes mal lavados.


  • Herpes: Infecção pelo vírus herpes simples, transmitida por meio de contato pessoal direto, como o beijo. Causa pequenas lesões semelhantes a aftas ou feridas.


  • Caxumba: É causada pelo paramyxovirus e provoca inchaços no pescoço e perto das orelhas.


  • Candidíase (sapinho): Causada por fungos, cria placas esbranquiçadas na boca, na garganta ou até nas genitálias. Para combater, é necessário submeter o paciente a tratamento antifúngico.


  • Gripe: O vírus influenza também é transmitido através de secreções. Em casos mais graves, pode provocar danos severos ao sistema respiratório.


  • Meningite A e C: Inflamação das meninges que é causada por vários tipos de micróbios, entre eles o meningococo. Pode ser transmitida de uma pessoa a outra, através de gotículas da tosse, espirro e beijo. E atenção: nem sempre é transmitida por indivíduos doentes – algumas pessoas abrigam o meningococo na garganta e podem retransmiti-lo, mesmo sem estarem doentes.

 Portanto, beijinho somente nas bochechas dos bebês. 
Freio Lingual (língua presa)


O que os leigos chamam de “língua presa” , na verdade, é uma situação chamada na medicina de  anquiloglossia. É  um freio lingual curto e com inserção anteriorizada.

Existe alguns casos, em que a criança tem dificuldade de colocar a língua para fora da boca, pois, o freio lingual impede a exteriorização da língua.
Em bebês, é bastante comum o freio lingual ser curto e estreito, dando a impressão de uma língua presa.

O tratamento em si, quando necessário, consiste em um procedimento cirúrgico para a remoção do freio e liberação dos movimentos da língua.

A grande dúvida é: quando é necessária a frenectomia?

Na verdade, cada caso é um caso.

É  o grau de restrição dos movimentos da língua que vai decidir do procedimento cirúrgico ou não.

Em casos mais extremos, os movimentos da língua ficam restritos a tal ponto que podem prejudicar a amamentação e, posteriormente, o desenvolvimento da fala, o que facilita  a decisão do procedimento.

Em situações mais brandas, mesmo tendo o freio considerado curto, a criança não tem nenhum transtorno em seu desenvolvimento, conseguindo uma amamentação tranquila e falando corretamente, a decisão do procedimento fica postergada.

Não existe uma idade certa para se realizar a cirurgia, que poderá ser feita pelo odontopediatra ou por um cirurgião pediátrico.

Se existem alterações no padrão da deglutição e no padrão da fala,  é importante a intervenção do fonoaudiólogo para a melhorar a função da língua e melhor articulação das palavras por parte da criança.
ESCARLATINA

Visão geral: 
A Escarlatina é uma doença infecto-contagiosa causada por reação de hipersensibilidade a toxinas produzidas por uma bactéria chamada de Estreptococo beta hemolítico do grupo A, provocando um exantema (manchas vermelhas na pele), além do quadro sistêmico como febre e prostração. 

Essa bactéria também é responsável por provocar outras doenças em indivíduos diferentes como amigdalites (infecção de garganta), impetigo e erisipela (doenças de pele). O que diferencia da erisipela é exatamente a reação de hipersensibilidade as toxinas produzidas por ela no momento da infecção.

Idade habitual aparecimento: 
A doença que afeta principalmente as crianças escolares, muito raramente em crianças abaixo desta idade.

Forma de contágio: 
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, através de gotículas de saliva ou secreções infectadas, provenientes de pessoas doentes ou não. As pessoas sem sintomas (aparentemente saudáveis), podem ter a presença desta bactéria  na garganta ou nariz, e, se apresentarem como vetores, ou seja, pessoas sem sintomas da doença mas que transmitem o agente causador da referida doença.

Período de contato com a bactéria causadora da Escarlatina e manifestação do sintomas:
Esse período é variável, em geral de um a sete dias entre se infectar com a bactéria e manifestar sintomas da doença. Sempre lembrando que existem indivíduos que são infectados e não manifestam sintomas.

Sinais e Sintomas:
A Escarlatina é uma doença que geralmente é associada a uma infecção de garganta (faringo-amigdalite).

Após 24 a 48h do início do processo infeccioso na garganta, aparecem a erupção típica na pele.
O seu início é súbito com febre alta (geralmente acima de 39Cº), mal estar, dor  no corpo e na garganta, eventualmente vômitos e dor na garanta.

A febre elevada ocorre geralmente nos três primeiros dias, podendo durar até uma semana, diminuindo progressivamente a partir daí.

As lesões na pele (exantema) ocorre a partir do segundo a terceiro dia de doença, com inicio no pescoço e no tronco, progredindo em direção aos membros inferiores. O exantema é vermelho, pontilhado ou finamente papuloso. Em alguns pacientes é mais facilmente palpável do que visto, exibindo a textura de lixa grossa (pele de ganso):
                                          Exantema da Escarlatina.

Áreas com vermelho mais intenso são notadas nas pregas dos dedos, virilhas e fossas antecubitais dos braços (sinal de Pastia), poupando a região em volta da boca que se apresenta pálida , e nas palmas das mãos e pés. Essa erupção também atingem a língua, que se apresenta branca e saburrosa no início, ficando com aspecto de framboesa (lingua em framboesa) após:

                                          Língua em Framboesa.

A erupção da Escarlatina desaparece ao fim de seis dias, acompanhando-se de uma descamação fina durante alguns dias. Nas mãos e nos pés a descamação pode ser mais grosseira:
                                          Descamação das mãos na Escarlatina.

Complicações da Escarlatina: 
As complicações na Escarlatina são RARAS com tratamento medicamentoso adequado, porém, como qualquer infecção bacteriana pode haver complicações como: Otites, sinusites, laringites, meningite (na fase aguda da doença), e, complicações tardias como a febre reumática (lesão das válvulas do coração) e a glomerulonefrite (lesão renal).
As complicações são potencialmente graves e para diminuir a sua ocorrência é importante se fazer o diagnóstico e tratamento adequado, e, o paciente fazer o tratamento medicamentoso pelo tempo COMPLETO sugerido pelo médico.

Diagnóstico de Escarlatina:
O diagnóstico da Escarlatina geralmente é feito através da observação clinica dos sinais e sintomas dos pacientes. Porém, pode ser feito o diagnóstico confirmativo através de  pesquisa do estreptococo em esfregaço colhido através de Swab (cotonete próprio para uso em laboratório) da região nasofaringea, ou através de sangue com testes sorológicos.

Diagnósticos diferenciais da Escarlatina:
A Escarlatina deve ser distinguida de Sarampo, Rubéola, Eritema infeccioso,  mononucleose infecciosa, infecções enterovirais, exantema súbito, reações medicamentosas e doença de Kawasaki.

Tratamento:
O tramamento de escolha para a Escarlatina é a antibioticoterapia adequada, que conseguem eliminar os estreptococos, evitando complicações da fase aguda  e previne a febre Reumática, e, diminui consideravelmente o aparecimento das glomerulonefrites. 
Sempre lembrando que o tratamento medicamentoso deve ser prescrito por um MÉDICO para evitar as complicações da doença. Evite receber orientações de balconistas de farmácias, além de ilegal é perigoso.

Referências bibliográficas:
1. Behrman RE, Kliggman RM. Nelson: tratado de pediatria. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005.

2. Herendeen NE, Szilagy PG. Infecções do trato respiratório superior. In: Behrman RE, Kliegman RM, Jenson HB, editors. Nelson Textbook of Pediatrics. 16 ed. Philadelphia: WB Saunders Company, 2000. p. 1261-1266.

3. DMG Duarte, Botelho C. Perfil clínico de Crianças Menores de Cinco Anos com Infecção Respiratória Aguda. J Pediatr (Rio J) 2000; 76:207-12.   

4. American Academy of Pediatrics. Uso criterioso de antimicrobianos. In: Pickering LK, editor. Livro Vermelho 2000: Relatório do Comitê de Doenças Infecciosas. 25 ed. Elk Grove Village, IL: American Academy of Pediatrics, 2000. p. 647-50.  

5. Artigo do professor Alexandre Vranjac, Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo: O que você precisa saber sobre Escarlatina.



Antitérmico e Vacina para Influenza

Devido a um grande número de dúvidas, em meu consultório, sobre a administração ou não de paracetamol para reações eventuais da vacina H1N1, publico este artigo da Sociedade Brasileira de Pediatria, ele é esclarecedor e conclusivo.


Antitérmico e Vacina para Influenza

A ocorrência de reações adversas às vacinas é comum e reconhecida como possível e esperada. Para a vacina empregada na campanha de vacinação contra H1N1 do Ministério da Saúde a situação não é diferente: espera-se que a vacina contra H1N1 cause reações adversas em 3% dos vacinados. Segundo a fabricante, as reações mais comuns para esta vacina são febre, dores de cabeça, cansaço, reações no local de aplicação, dores musculares e em articulações.
Existe a possibilidade de uma maior frequencia de reações adversas após a segunda dose da vacina. Para o tratamento de reações vacinais em geral, não está contra-indicado o uso de analgésicos e antitérmicos. Todos os antitérmicos disponiveis podem ser fornecidos sem risco de diminuição da imunogenicidade a vacina Particularmente o paracetamol é seguro para ser fornecido no tratamento das reações febris pós-vacinais, assim como os outros antitérmicos utilizados na pratica diaria como Ibuprofeno e Dipirona.
De acordo com o documento de referência do próprio fabricante da vacina contra H1N1, o paracetamol é o medicamento sugerido para tratamento destas reações, inclusive em crianças. 
A administração profilática de medicamentos analgésicos e antitérmicos, no momento da aplicaçao das vacinas, ou antecedendo a vacinação não esta indicada atualmente pelo possivel risco de diminuição de imunogenicidade das vacinas.
Esta recomendação vale também para todos os antitérmicos utilizados . Entretanto a utilização de analgésicos para alivio de reação adversa após a vacina não apresenta contra-indicação.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria/informes técnicos.