A alergia alimentar é um tormento que afeta cerca de 8% das crianças. Pelo menos 40 sintomas podem estar associados a ela, entre cólica, vômito, diarréia (às vezes com sangue), urticária, coceira, otites de repetição, tosse, espirro, anemia, baixo crescimento, rinite, dor de cabeça, inchaço nos lábios, na língua e na garganta e choque anafilático.
Os sintomas em geral surgem logo após a ingestão do alimento, mas podem aparecer alguns dias depois.Há muita desinformação sobre o assunto. Quando existe alguma suspeita, o ideal é procurar um especialista.
O diagnóstico e o tratamento costumam ser feitos por exclusão: o alimento suspeito é retirado da dieta. Se os sintomas desaparecem, significa que ele não deve mais fazer parte do cardápio da criança. Depois de seis meses a um ano, tenta-se reintroduzir o alimento na dieta. Se os sintomas voltarem, ele é excluído novamente.
As reações alérgicas são causadas principalmente pelas proteínas de sete alimentos. O campeão é o leite, seguido do ovo. Em menor grau vêm a soja, o amendoim, o peixe, os frutos do mar e o trigo. A alergia na infância tende a melhorar em função da maturidade do sistema gástrico. Cerca de 80% das crianças deixam de ser alérgicas à proteína do leite ao completar 3 anos. E, nos adultos, o total de alérgicos a alimentos não passa de 2%.
Enquanto o problema não se resolve, é fundamental verificar sempre os rótulos de produtos alimentícios, cosméticos e até de medicamentos. Leia a seguir algumas dicas para lidar melhor com as principais alergias alimentares.
Peixes e frutos do mar
Peixe, camarão e outros frutos do mar integram o grupo de risco, mas o problema é menos comum nas crianças porque elas simplesmente não têm o hábito de comer esses alimentos. Segundo as pesquisas, quem é alérgico a camarão tem 75% mais chances de apresentar os sintomas quando come caranguejo e lagosta, por exemplo.
Leite
Ana Margareth, 35 anos, mãe de Nathércia, 4 anos, é do tipo que leva sanduíche em festa. Tudo começou quando a primeira mamadeira da menina, aos 8 meses, a deixou com os lábios roxos, sem ar e cheia de bolinhas vermelhas. Uma injeção de adrenalina no pronto-socorro salvou-lhe a vida da pior reação possível a alergia alimentar: o choque anafilático. A mãe baniu o leite e derivados da vida da pequena Nathércia. E comprou uma espécie de caneta com adrenalina auto-injetável para emergências.O caso de Nathércia, felizmente, é raro. Estudos recentes constataram que em um grupo de 10 mil crianças, 7,3% apresentavam suspeita de alergia a leite. Dessas, apenas 5% tiveram a confirmação do problema. Há uma overdose de suspeitas de alergia à proteína do leite de vaca. É preciso avaliar o histórico clínico e laboratorial da criança com cuidado para fazer o diagnóstico.
Nutrientes Quem tem alergia à proteína do leite de vaca precisa obter o cálcio de outras formas, normalmente em cápsulas ou comprimidos efervescentes, recomendados pelo médico. É importante tomar sol de 10 a 15 minutos, de duas a três vezes por semana, no período da manhã. A exposição ao sol produz vitamina D, que estimula a absorção do cálcio.
Substituição Se o bebê que mama no peito tem alergia à proteína do leite de vaca, é preciso cortá-lo da dieta da mãe. Jamais suspenda a amamentação, pois não existe alergia ao leite materno. Após o desmame, recomenda-se o uso de fórmulas infantis à base de soja.
Onde está Manteiga, algumas margarina, queijo, creme de leite, chocolate, sorvete, bolo, pudim, empanados, suflês, molhos, tortas, leite condensado, iogurte, farinha láctea, achocolatados, entre outros.
Nos rótulos, evite Lactose, caseína, caseinato, proteína do soro, betalactoglobulina, alfalactalbumina.
Alergia X intolerância A intolerância à lactose (açúcar do leite), que tem como sintomas mais comuns náusea, dores abdominais, diarréia ácida e gases, é mais um fator que confunde os especialistas. Diferentemente da alergia, não é preciso deixar de ingerir leite ou derivados. Normalmente basta controlar a quantidade.
Margarina x creme vegetal
Atenção alérgicos ao leite. Toda margarina contém até 3% de gordura láctea, leite ou soro de leite em sua composição, portanto deve ser evitada. Apenas os chamados cremes vegetais - alimentos produzidos com óleos vegetais, água e outros ingredientes -- estão livres de leite em sua formulação. Como as embalagens são semelhantes, é bom sempre verificar os rótulos. Confira o quadro abaixo:
CREMES VEGETAIS(não contêm leite)
Becel®
Margarella®
Soya®
Margarinas (Contém leites)
Ciclus®
Delícia®
Doriana extra cremosa®
Doriana Yofresh®
Leco®
Mila®
Primor®
Qualy®
Vigor®
Soja
A alergia à proteína de soja atinge de 7% a 13% das crianças com alergia ao leite de vaca, apesar de ser o seu principal substituto.
Onde está Molhos e condimentos industrializados, como shoyu, queijo tofu, bolo e tortas integrais.
Nos rótulos, evite Dicilina, conglicinina. A lecitina de soja, um aditivo alimentar comumente encontrado nos produtos industrializados, não causa problemas.
Ovo
A proteína da clara, a albumina, é a causadora das alergias, mas recomenda-se excluir a gema também da alimentação, pois é impossível separá-las completamente.
Onde está Maionese, sorvete, pão-de-ló, suflês, musses e empanados, macarrão, panquecas, bolachas, bolos, pão de queijo, entre outros.
Nos rótulos, evite Albumina, ovomucóide, ovoalbumina e lisozima. Substituição Preparações sem ovos ficam com a textura prejudicada. Pode-se trocar cada ovo inteiro em tortas e bolos por uma colher de sobremesa de vinagre branco.
Trigo
Alérgicos às proteínas do grão de trigo têm de passar longe da padaria. Não podem apreciar nem mesmo as preparações que não levam sua farinha, como o pão de queijo, por causa do risco de contaminação. Têm 20% de chances de desenvolver alergia também à cevada e ao centeio.
Onde está Na maioria dos pães, biscoitos, massas, molhos, sopas e suflês.
Nos rótulos, evite Tudo o que contiver trigo (farinha, farelo, gérmen).Substituições Use fécula de batata, polvilho doce, farinha de milho, farinha de arroz, amido de milho. Para ganhar maciez nessas receitas, coloque claras em neve.
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